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domingo, 13 de maio de 2012

O PARTIDO DOS TRABALHADORES NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

 

"Acordos devem respeitar a política nacional do partido"

Aldair Dantas
Marco Maia, Presidente da Câmara dos DeputadosMarco Maia, Presidente da Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marco Maia (PT-RS), veio ao Rio Grande do Norte para receber o título de Cidadão Natalense, quinta-feira (10) passada, e aproveitou para dialogar com militantes petitas e falar à imprensa sobre as intenções do partido para as eleições municipais deste ano. Patente ficou o fato de que o diretório nacional não deixará de interferir nos regionais quando vislumbrar cenários que favoreçam a aliança presidenta Dilma Rousseff (PT) e o pleito que ocorrerá em 2014. Nesta entrevista, ele falou sobre expectativas gerais em torno do pleito e tratou de não personificar a eleição, mesmo em Natal onde o PT dispõe de candidato próprio, o deputado Fernando Mineiro. Sobre a polêmica em Mossoró, deixou claro que o diretório nacional não tem uma decisão tomada. Para Marco Maia, o PMDB é aliado de peso, perene e sólido e o deputado Henrique Alves já pode contar com o apoio dos petistas para sucedê-lo na Câmara.

Qual a política de alianças do PT para a eleição este ano? Os diretórios municipais estão sendo orientados a priorizarem as candidaturas próprias ou levará em consideração a particularidade de cada local?

A orientação do partido nacionalmente é a de que se possa reproduzir no maior número de municípios brasileiros a aliança que nós temos implementado no campo nacional, de apoio ao Governo da presidenta Dilma. Esta é uma aliança ampla, que tem um objetivo muito comum de promover de forma integrada e sustentável o desenvolvimento do Brasil. Portanto, o Partido dos Trabalhadores está orientando a todos os seus filiados e diretórios municipais que produzam alianças o mais próximo possível daquilo que tem se produzido a nível nacional. Ao mesmo tempo que a direção do partido dá essa orientação compreende que há realidades no Brasil que são muito diferentes. Nós temos realidades locais mais complexas, debates, discussões políticas em regiões do Brasil que não acontecem com a mesma característica que nós temos em Brasília. Então a medida do possível a direção nacional deverá trabalhar, primeiro respeitando o diálogo nos municípios e respeitando essa diversidade e complexidade que é a construção de uma política de alianças em cada uma das regiões, e ao mesmo tempo fazer o esforço possível para construir acordos e consensos que viabilizem melhor a política nacional do partido. Este tem sido o desenho e a prática.

Então a estratégia parte sempre de um contexto nacional.

É óbvio que isto também se coloca o debate do que é estratégico e o que é tático para o partido neste momento vislumbrando inclusive as disputas futuras, como a de 2014. Em algumas regiões o PT tem a necessidade de produzir alguns sinais políticos que dialoguem com a política nacional. Quando isto é necessário a nacional expressa sua opinião de forma mais clara e objetiva. Agora não há, a priori, nenhuma opinião ou posição da direção nacional, que imponha a sua decisão sobre qualquer município ou região do Estado do Brasil. As decisões que estão sendo tomadas aqui em Natal vão ser respeitadas da mesma forma que as decisões do meu Estado, o Rio Grande do Sul, ou outros Estados brasileiros. A estratégia do PT nestes últimos anos em termos de alianças tem dado certo. É vitoriosa porque produziu um crescimento enorme do partido nos últimos 30 anos e nos permitiu já assumir a presidência da República pela terceira vez consecutiva. Nós só sabemos que foi possível por nossa capacidade de produzir uma política de alianças que dialogou com os anseios da maioria da população brasileira. Então essa estratégia de visão de construção do Brasil e de fortalecimento de um campo político a nível nacional - se contrapondo ao conservadorismo e ao processo privatista do Brasil e reforçando o Estado como sendo indutor do crescimento do país - que foi responsável por estas vitórias dos últimos anos. A política de alianças do PT é clara, objetiva, mas respeita aquilo que é construído e discutido em várias regiões do país. Vou dar um exemplo do Rio Grande do Sul, meu Estado. Lá, nós na capital ou no Estado, dificilmente conseguimos ter aliança com o PMDB. Nós somos antagônicos com o PMDB no meu Estado, hoje somos menos do que há 10 anos, mas ainda temos dificuldade de compor aliança, mas isso não inviabiliza que tenhamos aliança forte com PMDB nacional. Uma aliança sólida e forte e que tem sido importante para o fortalecimento da nossa política de desenvolvimento e de crescimento do Brasil.


Especificamente sobre o caso de Mossoró, que teve inclusive repercussão nacional. O senhor é a favor que o diretório nacional intervenha no municipal?


Essa é uma análise que a direção nacional ainda está fazendo, formulando. Eu como não conheço a realidade local, não posso ter uma opinião tão específica sobre este caso. O que eu posso dizer é que o PT tem feito no Brasil um esforço enorme para construir alianças mais próximas e sólidas com aqueles partidos que temos uma identificação ideológica mais afinada - inclui-se aí o PSB, PC do B, PDT neste rol de partidos, então é óbvio que quando há discussão e debates de alianças entre esses partidos há um debate maior para ser formado. Agora a decisão que o PT tomará será equilibrada, levará em consideração a realidade local, mas ao mesmo tempo deve ter conexão com o que o PT está pensando para os próximos anos em termos de política de aliança. Eu não posso ter opinião pessoal porque não conheço os detalhes mais amiúde.

Então a decisão será do diretório nacional..

Este tema está sendo discutido no diretório nacional do PT. Quando vai ao diretório nacional, ele terá uma opinião sobre esta questão. Mas a opinião ainda não é sabida. Nós temos um longo debate ainda para tomar uma decisão sobre este tema. Agora o PT terá uma opinião sobre esta questão já que ela foi remetida ao diretório do partido.

Há também questões com o PMDB, que é um dos principais partidos aliados no plano nacional, de posições muito divergentes, como foi o caso recente do Código Florestal. Isso de alguma forma prejudicou a aliança entre PMDB e PT? Inviabiliza, de alguma forma, o acordo para sucessão na Câmara?

O acordo entre PT e PMDB na Câmara dos Deputados e no país é muito sólido. Nós temos encaminhado e votado muitas questões de forma conjunta tanto na Câmara como no Senado e este acordo será mantido para minha sucessão na Câmara dos Deputados, para a sucessão da presidenta Dilma em 2014 e nós vamos continuar trabalhando de forma conjunta. É natural e normal que numa casa legislativa como a Câmara dos Deputados que discute temas de alta complexidade, que nós tenhamos momentos, ou votações ou discussões onde o PMDB e PT não caminhem de forma uníssona e completamente conjunta. Uma das coisas que produzimos na Câmara no últimos dois anos foi tratar dos temas polêmicos. Nós poderíamos ter desviado dos temas polêmicos durante este último ano enquanto eu estive na presidência, mas preferimos fazer o caminho inverso. Nós preferimos percorrer o debate e fazer com que esses temas fossem votados. Foi assim que votamos o Código Florestal, a PEC da Música, a regulamentação do aviso prévio proporcional, o Funpresp, foi assim que votamos a regulamentação da emenda 29, vai ser assim que vamos votar a PEC do trabalho escravo. E há muitas dessas matérias que não unificam a opinião Governo e oposição ou partido A contra B porque elas perpassam todos os partidos. O Código Florestal é um exemplo divergente dentro de todos os partidos. Mesmo no PT nós tínhamos deputados mais próximos aos ambientalistas e mais próximos aos ruralistas e agricultores. Dentro dos agricultores nós tínhamos deputados mais próximos aos grandes agricultores e outros aos pequenos agricultores, então são todas elas matérias que são polêmicas, difíceis de construção de acordo e não necessariamente exigem um bloqueamento dos partidos que são da base de sustentação do Governo. Mas eu digo isso só para reafirmar. O acordo de aliança com o PMDB é perene, é sólido e nós iremos caminhar juntos durante esses próximos anos para o bem do Brasil.

O fato de o deputado Henrique Alves ter liderado a votação contra os interesses de Dilma Rousseff no Código Florestal e a aliança dele aqui com o DEM pode vir a inviabilizar essa pretensão do PMDB de sucedê-lo na Câmara?

A primeira coisa que nós temos que ressaltar é que a aliança do PT com o PMDB é do PT com o PMDB. E  nós não exerceremos nenhum  veto à indicação que venha a ser feita pelo PMDB para disputar a Câmara dos Deputados. A segunda questão é que o deputado Henrique é uma liderança forte, é o decano da Câmara dos Deputados e está chegando agora ao 13º mandato de deputado federal. Hoje eu até brincava com ele que está chegando a hora de se aposentar como deputado, talvez ele seja o único a conseguir isso. Mas ele é experiente, conhece a Câmara como ninguém, é hoje o maior expoente do PMDB dentro da Câmara e deverá ser o indicado do PMDB para disputar a presidência da Câmara. O nosso acordo é com o PMDB e quem for o indicado será o indicado também pelo PT.


O PT em Natal tem um pré-candidato, mas a base de sustentação da presidenta Dilma tem um outro pré-candidato do PDT, que lidera as pesquisas. Como o partido vai lidar com questões como essa, país afora?

O bom disso é que aumenta as chances da Dilma ganhar. E além do mais hoje está muito difícil alguém dizer que não é da base do Governo. Até mesmo a oposição em alguns momentos se aproxima para votar matérias que são do interesse do Brasil e do País. É óbvio que uma aliança tão grande tenha nos Estados diferenças. E vários candidatos ligados a vários partidos. Hoje nós temos um país pluripartidário e pela sua característica permite que tenhamos nas eleições municipais e estaduais vários candidatos, com várias coligações e projetos muito próximos, mas as vezes representados por vários candidatos. Isso não é um privilégio só aqui de Natal ou RN. Isso acontece em todos os Estados brasileiros. Volto de novo em Porto Alegre, onde nós teremos candidatura forte do PDT, outra forte do PC do B com o PSB e uma do PT. Quem está contente com isso é o governador Tarso Genro. Os três fazem parte de sua base e, portanto, ele vai ganhar a eleição de qualquer jeito. Então eu diria que isto é o que vai acontecer em muitos municípios, onde nós teremos vários candidatos ligados a mesma base de sustentação da presidenta Dilma Rousseff.

Qual a expectativa em torno da CPI Cachoeira, agora diante dessa possibilidade de convocação dos três governadores acusados, um deles do PT?
Nós estamos trabalhando na CPI para produzir uma investigação séria, consistente e que possa acabar ou inviabilizar esta organização criminosa que se construiu como um poder paralelo no Brasil, a partir dos contatos desse contraventor chamado Carlinhos Cachoeira. Então todo o trabalho que nós vamos realizar na CPI é no sentido de desbaratar e acabar com essa quadrilha que estabeleceu um poder paralelo. Para fazer isso temos que investigar em todos as direções. Temos que investigar as relações do Cachoeira com o setor público, seja ele Executivo, Legislativo e Judiciário, com o setor privado, seja com setores da mídia, porque nós temos também contatos e informações de que essa rede se articulava  em várias direções. Então nós vamos produzir uma investigação séria, consistente, que chegue a um resultado muito efetivo do desbaratamento desta quadrilha que se formou no país. Não necessariamente a CPI é de oposição contra situação. Neste caso específico nós temos um envolvimento de setores da oposição. O senador Demóstenes Torres era o maior exemplo da moral e ética da posição e todos nós assistimos com decepção que ele talvez seja o principal artíficie dessa quadrilha que se instalou de forma paralela. Então temos que investigar e ser muitos duros.

FONTE - TRIBUNA DO NORTE
Maria da Guia Dantas - repórter

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