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terça-feira, 5 de junho de 2012

WILMA DE FARIA (ENTREVISTA)

Entrevista com Wilma de Faria(ex-governadora)
 
"Estamos vendo é um governo que não realiza"

Decidida a fortalecer suas bases políticas para disputar as eleições em 2014, a ex-governadora Wilma de Faria (PSB) disse, nesta entrevista a O Poti/Diário de Natal, que optou por não candidatar-se à prefeitura de Natal em nome da união dos partidos que se opõem ao governo Rosalba Ciarlini (DEM). A ex-governadora não poupou críticas à administração da democrata. Wilma condenou o modo de governar da gestora e lamentou a forma como foi criado o conselho político do governo.

Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
"O conselho político tendo representantes de todas as categorias da população, dos trabalhadores, empresários, enfim, todas as classes sociais, é importante. Mas, um conselho político para definir politicamente os destinos das ações do governo é irrelevante. Inclusive, a primeira reunião do conselho foi para resolver a eleição de Mossoró. Isso é lamentável", declarou. Wilma também comentou a preparação do PSB para as eleições de 2012, a composição proporcional na aliança com o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), a desaprovação das contas do pedetista pela Câmara Municipal de Natal e disse que espera vencer a eleição em Natal já no primeiro turno.

Por que a senhora decidiu não ser candidata à prefeitura de Natal?
 Eu nunca me lancei candidata. Nunca chegamos a essa oficialização. Sempre disse que tomaríamos uma decisão. Refletimos e tomamos uma decisão, que foi para fortalecer a oposição no estado. A oposição hoje está muito mais forte. Estamos somando com vários partidos que estão vindo para fortalecer essa nossa oposição, que é democrática e importante para o Rio Grande do Norte.

Com o anúncio do seu apoio à pré-candidatura do ex-prefeito Carlos Eduardo, os partidos de oposição praticamente se uniram em torno de um só projeto. Somente o PT está seguindo outro caminho, com a pré-candidatura do deputado estadual Fernando Mineiro. A senhora ainda espera levar o PT para o bloco que se articulou em torno do nome de Carlos Eduardo?

Acho que nós deveríamos fortalecer essa posição de oposição. Seria muito importante que o PT viesse somar conosco, numa frente de oposição à atual gestão. Tem outros pré-candidatos que não estão apoiando a atual administração, mas trabalharam para que ela [a prefeita Micarla de Sousa - PV] fosse eleita. Com a vinda do PT, estaríamos todos unidos numa posição de fortalecimento desse grupo, para mudar a situação de Natal.

Nas pesquisas de opinião divulgadas até o momento, o nome da senhora era o único que fazia frente ao do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT). Com a união dos dois, vocês já trabalham com a perspectiva de vitória no primeiro turno ou acreditam que as múltiplas candidaturas levarão o pleito para a segunda etapa?

Eu acho que a decisão será no primeiro turno, mas a gente tem que sempre lembrar que política se faz somando. A gente continuará somando, para cada vez mais consolidar a vitória de Carlos Eduardo.

Durante o processo de votação das contas do ex-prefeito Carlos Eduardo referentes ao exercício financeiro de 2008 na Câmara Municipal de Natal, houve uma orientação do partido para que os vereadores votassem a favor da aprovação. No entanto, dois parlamentares, o Bispo Francisco de Assis e Adenúbio Melo, votaram contra. Eles receberão alguma punição do partido?
 Isso é normal. O PT mesmo deu uma orientação e o vereador [Fernando Lucena] votou contra. Isso também ocorreu com outros partidos. É uma coisa normal. Mas nós fizemos a oficialização do posicionamento do PSB. Agora, vamos reunir o partido para tomar uma decisão em relação aos vereadores.

Que decisão é essa? Eles serão punidos?
 Nós vamos debater de forma democrática dentro do partido. A decisão não foi tomada ainda. Será tomada em conjunto, entre os membros do partido.

Na formação da aliança do PSB com PDT e também demais partidos como PCdoB, PPS, PSD e PPL, em torno do nome do ex-prefeito Carlos Eduardo, há uma divergência relativa à composição proporcional. Os pré-candidatos a vereador dos partidos da aliança temem o "congestionamento" na chapa do PSB e pretendem formar alianças diferentes na disputa pelas vagas na Câmara.

Como esse assunto tem sido tratado?

 Ficou fechada essa decisão. Formaremos aliança na majoritária e na proporcional. Será uma só composição. Um dos itens mais importantes na nossa conversa, entre PDT e PSB, foi manter também a aliança da majoritária na proporcional.


Com o desgaste do governo Rosalba Ciarlini, o nome da senhora passa a ser cotado para disputar o governo contra ela em 2014. A senhora toparia essa disputa?


Ainda é muito cedo para falar. Essa decisão de eleição majoritária tem que vir da população. Eu sei que existe uma sinalização neste sentido por parte do povo. Mas, a decisão da majoritária só pode acontecer no ano da eleição, que é em 2014. Hoje, eu sou candidata a deputada federal, podendo deslocar minha candidatura - pela minha vontade, pelo meu desejo - também dentro do legislativo, podendo ser candidata a senadora. Mas isso só vai ser definido em 2014.

O PSB já tem o nome para vice na chapa que será encabeçada por Carlos Eduardo?

Ficou definido que indicaríamos o vice. Ficamos de decidir isso daqui para o dia 16 de junho. Vamos estabelecer alguns critérios para a escolha e vamos tomar a decisão. Só vai ocorrer depois de todas as conversas do partido.

As convenções de todos os partidos do grupo de Carlos Eduardo serão no dia 16?
 Não. O PDT está marcado para o dia 16, a do PSB só será no dia 30 de junho. O nome do vice será divulgado na convenção.

Como a senhora avalia os nomes da vereadora Júlia Arruda e do ex-secretário Damião Pita para compor a chapa de Carlos Eduardo?
 São dois nomes excelentes. Mas, também, temos outros nomes sendo cotados. Por enquanto, não vou falar sobre isso. Essa definição se dará num outro momento.

Quais os critérios que serão adotados para a escolha do vice?

Será o nome que somar mais com a candidatura do ex-prefeito. Tem que ter também experiência para somar na administração. São critérios normais para a formação da chapa majoritária.

Hoje, os pré-candidatos da oposição lideram pesquisas nos principais municípios do RN. Os líderes dos partidos oposicionistas estão se preparando nas eleições deste ano para disputar contra Rosalba Ciarlini em 2014?
 A eleição municipal sempre representa uma prévia para a eleição estadual. Hoje, pelo que vemos nas pesquisas de opinião pública, o governo está desgastado.


A senhora teve uma gestão voltada principalmente para os programas sociais. Hoje, esses programas passam por dificuldades. Isso é uma questão de prioridade do governo?
 Eu vejo como uma situação de caos. Estamos vendo a volta da aftosa, a Emater sem funcionar corretamente, o Idiarn também sem fazer o trabalho de defesa animal e vegetal. Estamos vendo o Programa do Lei destruído, o Programa Primeiro Emprego abandonado e tantos outros programas sociais importantes. Todas as obras que a governadora está fazendo atualmente foram iniciadas, planejadas e até licitadas na nossa gestão.

Durante o governo Rosalba, uma das marcas ditas por ex-aliados é a influência excessiva de Carlos Augusto Rosado, marido da governadora, na administração. Como a senhora vê esse cenário?
 Eu acho que o governante, seja ele homem ou mulher, não pode ser tutelado. Ele tem que assumir a liderança. Isso é fundamental, principalmente neste momento em que as mulheres estão assumindo pólos políticos importantes. Precisamos dar exemplo. É importante termos administrações vitoriosas de mulheres. Eu queria deixar muito claro que esse assunto é muito polêmico. Não quero ficar especulando. Essa crítica deve ser feita pelo povo, para podermos chegar a uma conclusão sobre essa questão. O que acho é que o governo está mal. Não está funcionando. Não está realizando o que prometeu. Não está avaliando bem. Está omisso no que diz respeito a questões sociais importantes.

Após a avaliação negativa do governo, por algumas pesquisas de opinião, a governadora criou um conselho político para ajudá-la na gestão. A senhora acha importante essa iniciativa?
 O conselho político tendo representantes de todas as categorias da população, dos trabalhadores, empresários, enfim, todas as classes sociais, é importante. Mas, um conselho político para definir politicamente os destinos das ações do governo é irrelevante. Inclusive, a primeira reunião do conselho foi para tratar de resolver a eleição de Mossoró. Isso é lamentável.

Diferente das últimas eleições municipais, quando comandava o governo do estado, dessa vez a senhora terá mais tempo de se dedicar às campanhas. Como será sua participação no pleito deste ano?
 Vou trabalhar proporcionalmente à população de cada região. Temos na Grande Natal os municípios da região metropolitana, onde vou participar ativamente. Mas, vou participar em todas as regiões do estado. Tenho recebido telefonema de candidatos e daqueles que serão apoiados pelo nosso partido. Já vou participar em junho das convenções em todas as regiões do estado.


Em vários municípios, PSB e DEM são do mesmo grupo político. Existe alguma proibição de aliança?
 São poucos os municípios. Mas não existe proibição de aliança. O nosso partido, em nível nacional e estadual, não proibiu coligação com nenhum partido. Existe, na verdade, o interesse de nos coligarmos compartidos que estejam afinados com a oposição. Mas, não podemos definir regras rígidas. Temos que flexibilizar de acordo com as circunstâncias e aproximações do partido nos municípios. Nós apoiaremos as candidaturas de acordo com as decisões dos diretórios municipais.

A senhora vai para as ruas, como nas campanhas anteriores, batendo de porta em porta?
 Quem sabe faz a hora. Trabalharei em todo o estado. Nossa candidatura será em 2014.

Caso Carlos Eduardo, em razão da Lei da Ficha Limpa, seja impedido de disputar a prefeitura, a senhora aceitaria substituí-lo na cabeça de chapa do grupo oposicionista?

Eu não acredito que ele seja impedido. Acredito que a justiça permitirá sua candidatura, até porque sua prestação de contas foi aprovada pelo Tribunal de Contas do Estado.

Como o grupo oposicionista está encarando a possibilidade de a candidatura ser impugnada?
 O clima é de tranquilidade. Carlos Eduardo está encaminhando soluções, do ponto de vista jurídico. A gente espera que as coisas se resolvam até o final deste mês.

O governo enfrenta dificuldade em montar sua equipe de secretários. Algumas pastas estão sendo ocupadas por interinos. Essa dificuldade é comum?
 É praticamente uma coisa que nunca aconteceu na história do Rio Grande do Norte ou do país. A governadora tem um ano e meio de administração, ainda nos primeiros 50% da gestão, com condições de ser candidata à reeleição, geralmente isso dá força no primeiro mandato. Mas, o que estamos vendo é um governo que não realiza. É um governo que acabou com os programas sociais, que desfez programas importantes até de governos anteriores ao meu. É um governo que tudo que tem divulgado em realização foi em função da nossa administração. É um governo desacreditado pela opinião pública.

Como o PSB está se preparando para este ano?
 Existem muitos locais onde ainda não está definido. Mas, em outros, já estamos com candidaturas fortes. Vamos ganhar em Mossoró, em Patu, Nova Cruz e muitos outros municípios. Temos muitas candidaturas importantes.

Dona Wilma, foram encontrados salários na folha de pagamento do estado acima do teto constitucional. Quando a senhora foi governadora, sabia dessa realidade?
 
Sou a favor da criação do teto estadual. Inclusive, quando era governadora, apresentei dois projetos de lei à Assembleia Legislativa. O segundo foi acordado com os servidores do estado. Conversamos com os auditores, os aposentados. Eu apresentei à Assembleia, mas até hoje não foi votado. Apresentei um no início da administração e outro em 2009. A Assembleia não colocou nem em discussão. Infelizmente, nós tentamos e não conseguimos. Houve até um esforço grande nosso. Eles diziam que votariam. Mas não conseguimos.


FONTE -   DIÁRIO DE NATAL

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